segunda-feira, 24 de maio de 2010

Os Vampiros

 

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei


Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada…

(Texto e música de Zeca Afonso)

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Continuamos bem sem saber com que linhas nos cosem, um dia dizem uma coisa, no outro dia outra; Sócrates apregoa no Reino da Alice, o ministro do Tesouro Cabeça Branca apregoa no Purgatório, e afinal quem vai para o Inferno é o Zé que de Povinho passou a Pacóvio, sem consciência da praga que lhe caiu na cabeça.

Mas os arautos da desgraça estão sempre a aparecer, até o inenarrável e tenebroso ex Guardião dos Dinheiro de Portugal, que agora arrecada os milhões da Europa, de seu nome Constâncio (constante no arrecadar para o seu bolso), ameaça a populaça que em 2012 novo PEC trará descontos a doer nos magros salários dos já sacrificados portugueses. Este arauto aparece sempre, para abrir caminho para a desgraça, assim aconteceu anteriormente, para justificação do Governo.

Perguntamos ao Governo de Sócrates e seus parceiros de dança, o tango espanhol, qual a contribuição destes senhores para minorar a crise.

A justeza do sacríficio geral seria compreendido por todos, se a todos coubesse a sua quota parte do mesmo.

Sabemos que o Sr. Jardim Gonçalves do BCP, recebe 37 milhões de prémio, pela gestão gravosa do seu Banco, cujos buracos são suportados por todos nós. Qual a percentagem para a crise?

Sabemos que o Sr. Mexia recebe este ano 7 milhões de prémio pela gestão da EDP, empresa participada pelo Estado. O mesmo acontece com o senhor Granadeiro da PT, com o jovem da JS Soares também da PT mais 1 milhão. Qual a percentagem para a crise?

Sabemos que os Bancos declaram uma média de lucros diários de 1 milhão de euros. Senhor Primeiro, qual o esforço pedido aos Bancos para minorar a crise? Sabe o Senhor à custa de quem os Bancos vão comendo e engordando? Não será possível taxar estes lucros obscenos à custa das desgraças do Zé?

Sabemos que a frota de automóveis do Estado continua a engordar com veículos novos de alto luxo. Veja-se como exemplo pequeno, a frota de BMW à disposição do Presidente da AR Jaime Gama, e seus Vice-presidentes. Porque lhe custa decidir por exemplo um teto para o custo dos carros ou durante dois anos não haver carros novos para ninguém?

Sr. Eng. Sócrates, não vê V.Exª aqui vários exemplos que poderiam ser levados em conta para diminuir a despesa do Estado. Porque insiste só no emagrecimento dos trabalhadores?

Impostos, ameaças de cortes nos salários, é fácil, mas ir contra a mordomia instalada é difícil… A minha expectativa de socialista foi bem defraudada, a sua política afinal de Maravilhas só para os bem instalados.

Zeca Afonso, aveirense e o maior compositor da revolução compôs em 1963 o poema Os Vampiros. Leiam com atenção e vejam se não é mesmo o que acontece actualmente. É altura do Zé mostrar a sua fibra de português e deixar de ser pacóvio

terça-feira, 18 de maio de 2010

Formatação em meias tintas

Formatação em meias tintas

Fomos surpreendidos há alguns meses, quando equipas de pintores deixaram algumas ruas da cidade, com passadeiras vermelhas, num emaranhado de curvas e contracurvas, bordejando totalmente algumas rotundas e ruas.

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Confrontámos algumas pessoas com este alindamento, talvez tivesse a ver com a visita do Papa diziam uns, com pistas para bicicletas diziam outros, ou para aproveitar as tintas do passado armazenadas há alguns anos.

Verificámos que, apareceram noutras ruas pequenas chapas com desenho de bicicletas.

Indagámos e fomos então informados que se pretendia formatar o traçado de ciclovias, de forma a melhorar a saúde de todos, e a determinar o seu percurso.

Porque sou um adepto do cicloturismo fiquei expectante, porque a formatação umas vezes, levar-nos-ia para os passeios, outras vezes para a zona de estacionamento dos automóveis exemplo Rua Eng. José Bastos Xavier, outras vezes pelo meio das ruas. Achávamos muito confuso mas esperávamos a sequência, onde seriam os novos parques de estacionamento, por onde andariam os peões face ao traçado das ciclovias, e como o coração dos aguedenses se comportaria no traçado sinuoso e difícil nesta topografia tão variável.

Afinal nada aconteceu … as passadeiras vermelhas passaram a meias tintas e nalguns casos já desapareceram. Sem querermos meter a foice em seara alheia, achamos no mínimo estranho o facto de em tempo de crise se terem gasto verbas em tinta, mão de obra, incómodos … que afinal deram em meias tintas. Acho que esta tentativa de formatar o comportamento e liberdade, já não devia colher. Já nos basta, pessoalmente não gosto de ser formatado.

A propósito de crise e poupança nas despesas públicas, fomos confrontados esta semana com uma tempestade de areia para os olhos dos portugueses, que espantados, nem querem acreditar no que lhes está a acontecer.

Há que apertar cada vez mais o cinto, a crise deve ser suportada por todos, dizem os iluminados que determinam o nosso destino. Para dar o exemplo, também os políticos e gestores públicos serão taxados nos seus vencimentos com o desconto de 5%. Deixem-nos rir, ou chorar de raiva. Quanto significa este desconto para vencimentos de centenas de milhares de euros? Como não houve coragem de cortar as chorudas regalias de todos eles? Carros de alto luxo, ajudas de custo para viagens em 1ª classe, telecomunicações de borla, cartões de crédito com altos plafonds para pagar refeições em restaurantes milionários. São milhares de políticos e gestores públicos a usufruir destas regalias, e agora nesta nuvem de areia, até nos querem fazer crer na moralização da crise para todos. Era tão fácil estar de acordo se houvesse justiça!

Será que estes senhores sabem que há 600.000 desempregados, muitos sem qualquer moeda no bolso? E mais de 400.000 no limiar da pobreza?

Lembramos que outros países, não em tão maus lençóis como nós, Espanha e Irlanda fizeram cortes nos vencimentos dos políticos e gestores de 15% e 30% respectivamente. Não seria um exemplo a seguir ? Mas aqui quem decide, protege os pares.

Infelizmente o sentimento de impotência, e tristeza generalizada, apodera-se de todos nós, mas a esperança não morre e o futuro há-de sorrir para os mais desprotegidos.

OS AUTISTAS

Os autistas

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Sem dúvidas reconhecemos que este título designa portadores de uma grave doença do foro neurológico e de distúrbio de personalidade. A certeza de serem o centro do mundo leva os autistas a isolarem-se e a pensar que são os detentores de toda a verdade.

Qualquer tentativa de aproximação ou de aconselhamento leva a uma reacção violenta e a um recrudescer da imposição da sua vontade e da sua verdade. Para a sua recuperação é necessário um penoso processo que sacrifica qualquer família que infelizmente tenha no seu seio um autista. Respeitamos esse sacrifício.

Neste País da Alice das Maravilhas, o seu Governador permanece distante, não dá ouvidos ao Sumo Pontífice, os Gestores da Coisa Pública avisam o Governador para não se meter em despesas para as quais não tem Tesouro, sob pena do Povo ficar sem qualquer apoio na saúde, na educação e alimentação e, embora poupem no subsídio de desemprego, gastarão muito mais em subsídios de funeral, a não ser que se privatizem os cemitérios.

Aconselham que espere melhores dias … Mas este Governador, de personalidade distorcida para o autismo, não acolhe qualquer voz sensata e, aconselhado por uns tantos prosélitos que acham por bem, de alguns claro , que as Grandes Obras da Alice são fecundas em benesses, afirmam a pés juntos que até são cúmplices do 1º Governador e que as obras avançam doa a quem doer.

Que importa que o Povo esteja faminto e esfarrapado, desde que tenha a oportunidade de viajar em Carroças de AV puxadas por milhares de cavalos? Podem assim assistir ao Concerto de Beethoven, terceira sinfonia conhecida por Marcha Heróica, nas comemorações d o centenário da Républica, com uma sandes de pão à Fanfas, na Casa da Música da Invicta.

Além disso, também as Estradas de AV são absolutamente necessárias para que o depauperado Povo caia nas armadilhas das Gaiolas, vulgo portagens electrónicas, e diminuam o buraco da dívida e consumam os combustíveis mais caros da Europa, de molde a diminuir os prejuízos dos administradores da Empresa do Reino vulgo Galp.

Heróis que se sentem incapazes de inverter esta triste situação, sabendo que o apertar do cinto é só para eles, que já esgotaram todos os furos, enquanto a Nobreza do Reino da Alice, cada vez mais inchada com os milhões que lhes enchem as obscenas barrigas, já esgotaram todo os cintos possíveis.

Parece ser uma história de Gepeto, de Pinóquio no Reino da Alice das Maravilhas, mas esta família está a ser sujeita a um tratamento injusto e desumano por parte de um Governo autista, que não ouve, não dialoga, mas impõe a sua vontade.

Em nome duma crise real, baixam o subsídio de desemprego e a duração do mesmo. Em nome duma crise real, ameaça-se diminuir as reformas e outros subsídios sociais. Estes subsídios são um direito e não uma benesse do Estado.

Em nome duma crise real anunciam-se investimentos de biliões e subsídios chorudos aos administradores das empresas estatais. Haja decoro, a crise é para todos e a todos deve custar.

OS TACHOS E O PEC

 

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Manuel Alegre, poeta aguedense, candidato à presidência da República vê publicada em Diário da República a atribuição da sua “pequena” reforma de perto de 4000 Euros, por ter sido funcionário da RDP durante alguns meses, desde o regresso do exílio até a Abril de 1975, quando tomou posse como deputado. Referiu para justificar que não trabalhou, mas sempre descontou …. Afinal qual a regra dos funcionários públicos que se aplica a este Poeta? Ele nem se lembraria da reforma se a CGA não lhe tivesse enviado uma carta. Será que esta pequena migalha é acumulável com as benesses e chorudas reformas dos políticos? Parece-me bem que sim …

Entretanto o Governo faz aprovar o seu PEC, Programa de Emagrecimento de muitos e Enriquecimento de alguns, pedindo a todos os portugueses que façam o seu sacrifício para vencer a crise. Perguntamos que sacrifícios se podem pedir aos milhões de portugueses que vivem no limiar da pobreza… Não se sacrificaram já o bastante? Que deixem de comer o essencial e morram para não dar despesa ao Serviço Nacional de Saúde?

Mas há aqueles que fazem “ouvidos de mercador” aos pedidos do Eng. Sócrates. Ganância desmedida, diz ele, em relação aos Administradores Públicos nomeados pelo Governo.

Mexia António, cujo nome tem a mesma raiz de mexilhão mas não o é, senão era diferente, Administrador da EDP, ignorou e gozou da recomendação de Sócrates e viu aprovado o seu obsceno prémio, que, somado aos vencimentos mensais de mais de 700 000 Euros (sim setecentos mil euros), dão mais de três milhões de euros. Estas verbas são resultado dum monopólio vergonhoso, duma empresa que tem milhões de lucros mensais à nossa custa, acabando, até, de aumentar o tarifário para 2010.

Senhor Sócrates, como é possível pedir sacrifícios aos aposentados e desempregados, com exemplos destes? O Governo não tem força para alterar este estado de coisas? Já reparou que este Mexia recebe vinte vezes mais que o Presidente da República?

O seu PEC protege os mais desgraçados?

Mas afinal os seus amigos administradores, nomeados na dança governamental de boys, entre os governos partidários não deixam dúvidas do seu fervor ganancioso, obsceno e miserável de brincar com o Zé. Até o seu apoiante de nome Granadeiro, Administrador da PT, se diz muito confortável por ter visto aprovados mais uns poucos de milhões para o seu bolso. PT, outra empresa em que o Estado tem interesses e nomeia administrador.

A propósito de PT, recordamos com tristeza outro exemplo da desfaçatez dos políticos que fazem carreira nas jotas e que, sem qualquer aptidão profissional, são nomeados para altos cargos.

Pedro Soares, oriundo da família de Mário Soares, depois de ter feito figura de urso como administrador da PT, que o levou à suspensão, foi premiado pelo seu desempenho com um prémio de mais de um milhão de euros. E esta hem?! … a crise é difícil …

Fico em crer que há uma entidade misteriosa que distribui os TACHOS e um governo que impõe o PEC.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A pobreza … e a ostentação!!

A pobreza … e a ostentação!!

O primeiro-ministro anuncia o PEC que vai fazer apertar o cinto àqueles que já não têm mais furos. No entanto outros, e são muitos, vão alargando como nababos a sua riqueza: Bancos, Seguros, Grandes Empresas anunciam milhões de euros de lucro diário. À custa de quem? Dos depauperados portugueses. E a eles nenhum sacrifício é exigido. Posso pois pensar que o Plano é de Estabilidade para os pobres e de Crescimento para os Ricos. O aumento de impostos para os pobres é real, mas deixem-nos rir, quando é anunciado um escalão de 45% para aqueles que declararem (ah, ah) mais de 150.000 € anuais. Declararem sim … devem estar a gozar com o Zé Povinho.

A pobreza … Dados oficiais do Instituto de Estatística, que fogem intencionalmente à realidade, anunciam que 18 % dos portugueses vivem com um rendimento entre 300 e 350 euros (10 euros por dia !!! ), 500 000 portugueses vivem com o salário mínimo de 475€ e 600.000 estão desempregados, muitos sem qualquer subsídio.

republica[1]A ostentação … Ah … mas, apesar deste ambiente miserável e preocupante, o governo de Sócrates vai gastar 10 milhões de euros, sim dez milhões, nas comemorações da implantação da Republica, com espectáculos de alto nível cultural em Portugal e no estrangeiro, para os quais estão convidados todos os portugueses. Quais? Aqueles da franja desgraçada? Ou as franjas que consomem  cultura e têm a barriga cheia de lagosta e caviar? Na casa da música do Porto vamos assistir a uma mescla de cidadãos, pobres, remediados e ricos, bem vestidos e mal vestidos, mas irmanados no sabor da cultura e arte, mesmo com a barriga a dar horas.

Bem-haja, Eng. Sócrates, pelo seu desejo de proporcionar aos portugueses este banho de cultura, pois assim ficarão dentro dos objectivos das comemorações e passarão a ser mais republicanos, mesmo com fome!

Haja vergonha e decência na gestão do nosso dinheiro. Esbanja-se e … cada vez mais apertam o garrote, mas para ostentação, benesses e prémios dos gestores públicos e políticos há sempre dinheiro.

Neste ambiente social, é natural que nas escolas se reflicta a desestruturação das famílias, da perda de valores fundamentais, que foram a base de sucesso duma escola, da qual fui professor, e a raiz do desenvolvimento de qualquer sociedade civilizada.

Sabemos que a violência é recorrente, acompanha o crescimento dos jovens desde sempre, só que, nestas últimas gerações, há um recrudescer dessa prática, em simultâneo com a perda de valores básicos, de solidariedade e respeito.

A onda de violência que grassa no país e que leva a casos extremos, como o suicídio do professor e do aluno que não resistiram à pressão da violência, são o natural desfecho duma política laxista, em que os sucessivos governos foram retirando autoridade aos professores e às escolas.

Os professores são sempre os maus da fita, objecto de sanha persecutória por parte da política economicista do Governo, ficando totalmente desprotegidos perante qualquer atitude de desrespeito… Que saudades do meu Reitor do Liceu D. João III em Coimbra, homem pequenino, mas com uma personalidade e umas mãos tão grandes … que construíram um Liceu de referência no respeito e no aproveitamento.

domingo, 7 de março de 2010

Nem tudo que luz é oiro (2)

Nem tudo que luz é oiro (2)

clip_image002Na última opinião, referi o aspecto exterior da Escola Secundária Marques de Castilho, que, a meu ver, não é a melhor solução urbanística, embora deixe antever excelentes condições que trarão mais-valias na prática pedagógica; daí uma razão para o título da opinião.

Mas a realidade ainda é pior quando descemos ao entusiasmo com que os professores encaram a sua actividade e a sua integração nesta Escola com mais-valias. Ao contrário do previsível, muitos se arrastam esperando pela sua saída mais ou menos breve, que corresponde a um alívio.

A solução normalmente passa pelo pedido da reforma antecipada que acarreta penalizações mais ou menos acentuadas e, atendendo ao já baixo nível salarial, é no mínimo estranho que os professores, mesmo assim, queiram atingir o alívio nestas condições.

Gostaria de entender as razões que, nos últimos anos, levaram os verdadeiros professores a abandonar o sistema educativo pesadamente penalizados, porque tenho a certeza de que, se não forem remediadas essas razões, tudo o que é educação entra em colapso e quem perde é a sociedade em geral e os jovens cuja formação é essencial para um País desenvolvido.

Mas a verdade é que, desde a tomada de posse da triste e famigerada ex-ministra Lurdes Rodrigues, apoiada pelo Governo de Sócrates, numa visão unicamente economicista, se resolveu atacar a classe docente como inimigo público número um de todo o funcionalismo, com excesso de benesses e a quem se devia cortar a cabeça, com desumanas condições de trabalho e exigências que até mais tarde a dita ministra achou excessivas. O aviltante processo de avaliação, que a ministra Lurdes quis impor à classe e que motivou a maior manifestação de sempre duma classe contra o governo e a sua política, trouxe apenas a maior desfaçatez e arrogância quer de Sócrates, quer de Lurdes, e a troça e o escárnio sobre os professores que deveriam ser acarinhados e honrados.

É pois preciso mudar de política e o novo governo socrático, com Isabel Alçada, pretendeu dar uma nova imagem de abertura, mas afinal a visão economicista continua activa e a avaliação continua com os mesmos objectivos: decepar lentamente as expectativas dos professores. Afinal foram precisas apenas poucas semanas de governação socrática, para perceber que o facto de não terem tido maioria absoluta, não lhes daria mais humanidade e obrigação de diálogo. A perspectiva é ´”eu dialogo mas vocês fazem só o que eu quero”, e assim tudo ficou na mesma, apenas mudaram as moscas…. A exigência burocrática é mais acentuada e, claro, o ambiente criado nas escolas, com a nova modalidade de Srs. Directores, títeres duma política escondida, traz mau estar, desconfiança e medo e leva a que os verdadeiros professores, que não pactuam com este status quo, queiram abandonar a missão nobre que é ensinar e que cada vez é menos o objectivo do sistema, que só pretende sucesso estatístico fabricado e manipulado.

Nem tudo que luz é oiro …

Nem tudo que luz é oiro …

Tive ocasião de visitar as obras que decorrem na Escola Secundária Marques de Castilho, ao abrigo do Plano de Investimento de Sócrates de combate à crise.

Sem dúvidas que a Marques fica  equipada com estruturas que a vão tornar numa Escola de referência: Biblioteca, Laboratórios, Gabinetes, Auditório, etc. … Parabéns à comunidade escolar.

clip_image002Tomei a posição de contestar a opção assumida pelo Gabinete projectista que, sem consultar a CMA, e praticamente sem visitar o local, delineou e traçou o que na altura ainda poderia ter outro destino, a ampliação da Escola Marques de Castilho.

Havia espaço para que não se fizesse o que considero um atentado; outras soluções seriam possíveis. Mas agora para que fique evidente o que eu lamentei e previ, ponho em oposição a Escola no ano passado e o seu actual estado (uma grande fachada de cimento). A Praça António Breda fica tapada e fechada para sempre e o ecossistema frondoso da Escola era naturalmente o prolongamento daquela Praça.

Olhem com atenção e vejam em que se transformou a Avenida Eugénio Ribeiro, uma rua tamponada, outrora projectada para rasgar a cidade até à EN1 … Lembram-se? Do lado poente a Praça do Município, aparecida estranhamente, cortou o acesso e agora, do lado nascente, o mais belo, aparece uma parede que a fechou . Que triste sina a desta Terra.

Sem dúvidas que a minha opinião não é única. Em conversas de ocasião,  chegam-me muitas apreciações, quer de membros da comunidade escolar, professores e alunos, quer de cidadãos que, como eu, se preocupam com a sua terra e gostariam  de a ver mais bela e funcional.. Se numa só palavra juntasse todas as apreciações apanhadas, essa era com certeza “mamarracho”.

Mas nada já pode ser alterado e há que desfrutar das boas condições tecno-didácticas, que agora vão ser oferecidas. No entanto, já sabemos que, sobre o que resta da Praça Dr. António Breda, esta será alvo de reformulação.

A CMA ainda não deu a conhecer o que pensa fazer, mas, como gato escaldado de água fria tem medo, venho por este meio alertar e solicitar a maior atenção e o máximo cuidado nas obras a executar.

Aos nossos ouvidos têm chegado algumas das ameaças que pairam sobre a maior parte das árvores, que têm sido há anos uma constante de beleza que encantam todos os que por lá passam ou que propositadamente lá vão para as recordar nas suas fotografias.

Espero que, numa época de revalorização ambiental, em detrimento do que nas outras vertentes sociais decorre, os responsáveis não  tomem opções irreversíveis e danosas.

O BOM E O MAU …

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O Bom e o Mau …

Bom é a minha apreciação, e o meu sentir em relação ao parque infantil que a Câmara Municipal oferece aos seus munícipes mais novos.

Fiquei agradavelmente surpreendido pelo bom gosto, pelo enquadramento no Largo do Botaréu, e que me deu a oportunidade de rever as palmeiras na sua nova morada. Apenas fiquei com pena que as outras exiladas para fora da cidade e outras freguesias, nomeadamente para um local ermo do Casarão, com certeza que seriam muito mais felizes e úteis, neste espaço lúdico , com a sua beleza e frescura. O equipamento foi uma surpresa, pois também os menos jovens têm oportunidade de praticar desportos radicais tal como slide.

Talvez fosse possível incrementar programas e equipamentos que trouxessem ao Rio os aguedenses, mas com o cuidado de propiciar alguma frescura e sombras, apenas possíveis com árvores frondosas.

Mau é o exemplo dado por responsáveis eleitos pelos aguedenses, que se esquecem que no seu pedestal, devem continuar a respeitar os seus eleitores, e por nenhuma razão devem ser rudes, mal educados e embora se achem detentores de toda a verdade e razão, devem ser sempre delicados. Não são os donos da Democracia. Aconteceu em Águeda.

Mau, é também o modo como a Câmara Municipal de Águeda, se relaciona com os seus munícipes. Recebemos uma carta oficial assinada por uma senhora administradora, que informava que o abastecimento de água passa ser feita por uma empresa privada,

Mas o curioso e que denota a falta de respeito e a atitude ameaçadora de quem tem o poder, é a ameaça de um débito imediato de 100 metros cúbicos a quem não faça chegar a leitura do consumo de água, à citada administradora.

Ameaça pura e simples, quem lhe deu essa autoridade para ameaçar? Os consumidores não deverão ser respeitados? Estamos em democracia?

Mas saberão os responsáveis o que são 100 metros cúbicos de água? Cem mil litros, sim 100.000 litros, cinco autotanques dos BV cheiinhos, que poucas casas consomem num ano. Estarão a brincar ou serão ignorantes? Nem todos têm poços ou piscinas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010



Oráculo de Delfos


A vida política portuguesa, nos últimos tempos, faz-nos lembrar a organização religiosa, política e cultural da antiga Grécia, em que os governantes ou decisores da coisa pública se regiam por profecias ou predições consideradas verdades absolutas.

Vêm-nos à memória os oráculos de Delfos, cidade da antiga Grécia, onde se situava o Templo dedicado ao deus Apolo.

Era neste Templo que os responsáveis atenienses iam beber da verdade absoluta, transmitida pelas sacerdotisas de Apolo – As Pitonisas (origem na serpente Piton, morta por Apolo), cujas profecias e visões seriam provocadas por gases emanados da terra, que as fariam entrar em transe.

Na figura vemos a única representação da sacerdotisa, ou pitonisa, de Delfos, da época em que o oráculo estava activo, mostra a câmara de tecto baixo e a pitonisa sentada num trípode. Esta cena mitológica mostra o rei Egeu de Atenas consultando a primeira pitonisa, Têmis. A peça foi feita por um oleiro ateniense em torno de 44 d.C.

Na era moderna, o Governo português antes de tomar qualquer decisão política parece consultar as profecias ou oráculos, no Templo Banco de Portugal, cuja pitonisa – Sibila Vitor Constâncio, anuncia sempre antecipadamente a desgraça, que numa primeira fase o Rei Egeu nega, mas que, depois, é justificação para o ataque seguinte aos depauperados atenienses (vulgo portugueses).

Desta vez, em transe, a Pitonisa Constâncio dirigiu-se aos atenienses culpando-os da crise em que estão mergulhados.

… Vós tendes que pagar a factura … acusa de dedo em riste e os assustados atenienses, esperando pelas duras medidas que ensombrarão mais o seu futuro, não entendem a acusação, pois sabem que na sede dos Templos (vulgo Bancos) a crise não existe, os milhões são aos rodos e, quando há uns desviozitos, o Governo do Rei Egeu tapa os buraquinhos….

Que autoridade moral ou ética tem esta sacerdotisa, que, de saco muito cheio, se prepara para fazer oráculos na Europa a preços muito mais elevados, e se refere à crise, como coisa alheia?!

A crise em que vós estais mergulhados, … E ele?! …. Não é também ateniense? Ou estará então em transe.. de loucura ou falta de vergonha?

Num Estado em que proliferam Templos (Bancos) com muitos sacerdotes, fazendo oráculos e ocultas faces, com muitos milhões desaparecidos, desviados, deslocados, os tristes atenienses interrogam-se … E a crise não é também para os sacerdotes? Por que razão os arguidos Srs Armandos e outros Varas não têm que enfrentar a crise como o comum dos mortais? Este sacerdote dum Templo rico, por dar uns pareceres e, apesar de arguido, aufere 35000 euros mensais, muito mais do que o Rei Egeu e o General juntos arrecadam.

Que sociedade esta, em que um simples sacerdote tem tantos poderes?..

De onde lhes vêm os imensos milhões de lucros? Do seu trabalho não de certeza, pois, até sem trabalhar, continuam a receber os chorudos quinhões. Vêm sim das taxas, dos juros altos cobrados aos atenienses e de outras alcavalas. Não será justo que os Templos sejam também chamados à resolução da crise?

A propósito de alcavalas e de chorudos lucros de empresas nacionais, quero deixar aqui algumas dúvidas que me assaltam, a propósito, do investimento da EDP numa central de energia eólica nos Estados Unidos

O valor a investir dá para construir o novo aeroporto e o TGV.

As perguntas e as dúvidas que ficam:

1. Por que razão a factura da energia eléctrica neste mês aumentou 3%?

2. Quem lucra com este investimento feito à conta de todos nós?

3. Que benefícios este investimento traz para a resolução da crise?

4. Há um aumento grande de postos de trabalhos para portugueses?

Afinal a Sibila tem razão … sem ter culpa nenhuma quem paga a crise é o ZÉ POVINHO. Corrijo: afinal temos mesmo culpa – elegemo-los!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Alcavalas (2) ou as Contas do Tribunal

· Autoestradas, Saúde e Magalhães


Foram as notícias da última semana, ou antes um “déjà vu”: todas as auto-estradas novas foram chumbadas pelo Tribunal de Contas. Os principais concorrentes, Mota Engil de Jorge Coelho e Soares da Costa, são useiros e vezeiros em apresentar propostas baixas para ganharem os concursos e, na hora da adjudicação, ala que se faz tarde e há que acrescentar uns pozinhos que normalmente dobram a parada. A Ligação Águeda – Aveiro da Engil apenas subiu de 500 mil para perto de 1 milhão (pouca coisa) e agora não sabemos de nada.

Contas feitas pelo Tribunal das ditas alertam o Governo para uma derrapagem (e ainda não estão construídas as ditas AE), para uma “insignificância” de quase um bilião de euros e, assim, não dá o visto necessário à legalidade das mesmas. Estamos na época natalícia e, por isso, os senhores do Governo, em nome do interesse nacional, fazem tábua rasa da decisão do Tribunal e acham que o Pai Natal, que somos nós, teremos que pagar essas prendas àqueles meninos. Então mandam avançar as obras, ou antes continuar, porque na ilegalidade estavam elas, pois começaram sem o visto do Tribunal de Contas. Até há o desplante da Empresa Estradas de Portugal recorrer para anular a decisão do TC.

Se outra entidade pública (por exemplo uma Câmara Municipal), procedesse desta forma caía-lhe em cima a mão pesada da Lei e os prevaricadores seriam condenados. Pois, mas neste País das Maravilhas tudo pode acontecer!

Ah, mas há mais! Outra bomba nesta semana é o chumbo, por parte daquele Tribunal incómodo e chato, da Central de Compras para o Ministério da Saúde, claro, porque envolve quantias de muitos milhões e o Tribunal exige transparência na adjudicação da mesma, com concursos públicos sérios e parece que aqueles que deviam preservar a saúde das nossas economias não acham assim e só pensam na saúde de alguns.

Mas infelizmente este tipo de bombas não fica por aqui, mas nós estamos atentos e lemos os jornais e ficamos tristes com a ligeireza com que este Governo do País da Alice trata a educação e todos os seus agentes, nomeadamente os professores. Para preservar a imagem moderna deste atraso real, há que fantasiar com as novas tecnologias e distribuir pelos meninos da Escola um computador, o Magalhães, um bom brinquedo, que nada de mais valias trouxe ao processo educativo. Valias e muitas trouxe sim para e empresa J. Sá Couto, que, de empresa falida, passou, dum dia para o outro, num potentado económico. Tudo se passou através dum simples ajuste directo, numa adjudicação sem concurso público nem consultas a outros possíveis interessados.

A União Europeia analisou este facto e, agora, coloca o País perante um processo no Tribunal Europeu por atropelo à Lei da Transparência, considerando ilegal o computador Magalhães e todo o Plano Tecnológico Nacional.

Porque será que, nestes últimos quatro anos, este tipo de cavadelas é um permanente “déjà-vu”? Não queremos ser advogados do diabo, mas, nesta época em que o Zé tem que apertar o cinto em nome duma recuperação nacional, aqueles senhores desperdiçam bens e energias sem acautelar os verdadeiros interesses do Zé. Esta, a minha opinião!