A pobreza … e a ostentação!!
O primeiro-ministro anuncia o PEC que vai fazer apertar o cinto àqueles que já não têm mais furos. No entanto outros, e são muitos, vão alargando como nababos a sua riqueza: Bancos, Seguros, Grandes Empresas anunciam milhões de euros de lucro diário. À custa de quem? Dos depauperados portugueses. E a eles nenhum sacrifício é exigido. Posso pois pensar que o Plano é de Estabilidade para os pobres e de Crescimento para os Ricos. O aumento de impostos para os pobres é real, mas deixem-nos rir, quando é anunciado um escalão de 45% para aqueles que declararem (ah, ah) mais de 150.000 € anuais. Declararem sim … devem estar a gozar com o Zé Povinho.
A pobreza … Dados oficiais do Instituto de Estatística, que fogem intencionalmente à realidade, anunciam que 18 % dos portugueses vivem com um rendimento entre 300 e 350 euros (10 euros por dia !!! ), 500 000 portugueses vivem com o salário mínimo de 475€ e 600.000 estão desempregados, muitos sem qualquer subsídio.
A ostentação … Ah … mas, apesar deste ambiente miserável e preocupante, o governo de Sócrates vai gastar 10 milhões de euros, sim dez milhões, nas comemorações da implantação da Republica, com espectáculos de alto nível cultural em Portugal e no estrangeiro, para os quais estão convidados todos os portugueses. Quais? Aqueles da franja desgraçada? Ou as franjas que consomem cultura e têm a barriga cheia de lagosta e caviar? Na casa da música do Porto vamos assistir a uma mescla de cidadãos, pobres, remediados e ricos, bem vestidos e mal vestidos, mas irmanados no sabor da cultura e arte, mesmo com a barriga a dar horas.
Bem-haja, Eng. Sócrates, pelo seu desejo de proporcionar aos portugueses este banho de cultura, pois assim ficarão dentro dos objectivos das comemorações e passarão a ser mais republicanos, mesmo com fome!
Haja vergonha e decência na gestão do nosso dinheiro. Esbanja-se e … cada vez mais apertam o garrote, mas para ostentação, benesses e prémios dos gestores públicos e políticos há sempre dinheiro.
Neste ambiente social, é natural que nas escolas se reflicta a desestruturação das famílias, da perda de valores fundamentais, que foram a base de sucesso duma escola, da qual fui professor, e a raiz do desenvolvimento de qualquer sociedade civilizada.
Sabemos que a violência é recorrente, acompanha o crescimento dos jovens desde sempre, só que, nestas últimas gerações, há um recrudescer dessa prática, em simultâneo com a perda de valores básicos, de solidariedade e respeito.
A onda de violência que grassa no país e que leva a casos extremos, como o suicídio do professor e do aluno que não resistiram à pressão da violência, são o natural desfecho duma política laxista, em que os sucessivos governos foram retirando autoridade aos professores e às escolas.
Os professores são sempre os maus da fita, objecto de sanha persecutória por parte da política economicista do Governo, ficando totalmente desprotegidos perante qualquer atitude de desrespeito… Que saudades do meu Reitor do Liceu D. João III em Coimbra, homem pequenino, mas com uma personalidade e umas mãos tão grandes … que construíram um Liceu de referência no respeito e no aproveitamento.
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