segunda-feira, 15 de março de 2010

A pobreza … e a ostentação!!

A pobreza … e a ostentação!!

O primeiro-ministro anuncia o PEC que vai fazer apertar o cinto àqueles que já não têm mais furos. No entanto outros, e são muitos, vão alargando como nababos a sua riqueza: Bancos, Seguros, Grandes Empresas anunciam milhões de euros de lucro diário. À custa de quem? Dos depauperados portugueses. E a eles nenhum sacrifício é exigido. Posso pois pensar que o Plano é de Estabilidade para os pobres e de Crescimento para os Ricos. O aumento de impostos para os pobres é real, mas deixem-nos rir, quando é anunciado um escalão de 45% para aqueles que declararem (ah, ah) mais de 150.000 € anuais. Declararem sim … devem estar a gozar com o Zé Povinho.

A pobreza … Dados oficiais do Instituto de Estatística, que fogem intencionalmente à realidade, anunciam que 18 % dos portugueses vivem com um rendimento entre 300 e 350 euros (10 euros por dia !!! ), 500 000 portugueses vivem com o salário mínimo de 475€ e 600.000 estão desempregados, muitos sem qualquer subsídio.

republica[1]A ostentação … Ah … mas, apesar deste ambiente miserável e preocupante, o governo de Sócrates vai gastar 10 milhões de euros, sim dez milhões, nas comemorações da implantação da Republica, com espectáculos de alto nível cultural em Portugal e no estrangeiro, para os quais estão convidados todos os portugueses. Quais? Aqueles da franja desgraçada? Ou as franjas que consomem  cultura e têm a barriga cheia de lagosta e caviar? Na casa da música do Porto vamos assistir a uma mescla de cidadãos, pobres, remediados e ricos, bem vestidos e mal vestidos, mas irmanados no sabor da cultura e arte, mesmo com a barriga a dar horas.

Bem-haja, Eng. Sócrates, pelo seu desejo de proporcionar aos portugueses este banho de cultura, pois assim ficarão dentro dos objectivos das comemorações e passarão a ser mais republicanos, mesmo com fome!

Haja vergonha e decência na gestão do nosso dinheiro. Esbanja-se e … cada vez mais apertam o garrote, mas para ostentação, benesses e prémios dos gestores públicos e políticos há sempre dinheiro.

Neste ambiente social, é natural que nas escolas se reflicta a desestruturação das famílias, da perda de valores fundamentais, que foram a base de sucesso duma escola, da qual fui professor, e a raiz do desenvolvimento de qualquer sociedade civilizada.

Sabemos que a violência é recorrente, acompanha o crescimento dos jovens desde sempre, só que, nestas últimas gerações, há um recrudescer dessa prática, em simultâneo com a perda de valores básicos, de solidariedade e respeito.

A onda de violência que grassa no país e que leva a casos extremos, como o suicídio do professor e do aluno que não resistiram à pressão da violência, são o natural desfecho duma política laxista, em que os sucessivos governos foram retirando autoridade aos professores e às escolas.

Os professores são sempre os maus da fita, objecto de sanha persecutória por parte da política economicista do Governo, ficando totalmente desprotegidos perante qualquer atitude de desrespeito… Que saudades do meu Reitor do Liceu D. João III em Coimbra, homem pequenino, mas com uma personalidade e umas mãos tão grandes … que construíram um Liceu de referência no respeito e no aproveitamento.

domingo, 7 de março de 2010

Nem tudo que luz é oiro (2)

Nem tudo que luz é oiro (2)

clip_image002Na última opinião, referi o aspecto exterior da Escola Secundária Marques de Castilho, que, a meu ver, não é a melhor solução urbanística, embora deixe antever excelentes condições que trarão mais-valias na prática pedagógica; daí uma razão para o título da opinião.

Mas a realidade ainda é pior quando descemos ao entusiasmo com que os professores encaram a sua actividade e a sua integração nesta Escola com mais-valias. Ao contrário do previsível, muitos se arrastam esperando pela sua saída mais ou menos breve, que corresponde a um alívio.

A solução normalmente passa pelo pedido da reforma antecipada que acarreta penalizações mais ou menos acentuadas e, atendendo ao já baixo nível salarial, é no mínimo estranho que os professores, mesmo assim, queiram atingir o alívio nestas condições.

Gostaria de entender as razões que, nos últimos anos, levaram os verdadeiros professores a abandonar o sistema educativo pesadamente penalizados, porque tenho a certeza de que, se não forem remediadas essas razões, tudo o que é educação entra em colapso e quem perde é a sociedade em geral e os jovens cuja formação é essencial para um País desenvolvido.

Mas a verdade é que, desde a tomada de posse da triste e famigerada ex-ministra Lurdes Rodrigues, apoiada pelo Governo de Sócrates, numa visão unicamente economicista, se resolveu atacar a classe docente como inimigo público número um de todo o funcionalismo, com excesso de benesses e a quem se devia cortar a cabeça, com desumanas condições de trabalho e exigências que até mais tarde a dita ministra achou excessivas. O aviltante processo de avaliação, que a ministra Lurdes quis impor à classe e que motivou a maior manifestação de sempre duma classe contra o governo e a sua política, trouxe apenas a maior desfaçatez e arrogância quer de Sócrates, quer de Lurdes, e a troça e o escárnio sobre os professores que deveriam ser acarinhados e honrados.

É pois preciso mudar de política e o novo governo socrático, com Isabel Alçada, pretendeu dar uma nova imagem de abertura, mas afinal a visão economicista continua activa e a avaliação continua com os mesmos objectivos: decepar lentamente as expectativas dos professores. Afinal foram precisas apenas poucas semanas de governação socrática, para perceber que o facto de não terem tido maioria absoluta, não lhes daria mais humanidade e obrigação de diálogo. A perspectiva é ´”eu dialogo mas vocês fazem só o que eu quero”, e assim tudo ficou na mesma, apenas mudaram as moscas…. A exigência burocrática é mais acentuada e, claro, o ambiente criado nas escolas, com a nova modalidade de Srs. Directores, títeres duma política escondida, traz mau estar, desconfiança e medo e leva a que os verdadeiros professores, que não pactuam com este status quo, queiram abandonar a missão nobre que é ensinar e que cada vez é menos o objectivo do sistema, que só pretende sucesso estatístico fabricado e manipulado.

Nem tudo que luz é oiro …

Nem tudo que luz é oiro …

Tive ocasião de visitar as obras que decorrem na Escola Secundária Marques de Castilho, ao abrigo do Plano de Investimento de Sócrates de combate à crise.

Sem dúvidas que a Marques fica  equipada com estruturas que a vão tornar numa Escola de referência: Biblioteca, Laboratórios, Gabinetes, Auditório, etc. … Parabéns à comunidade escolar.

clip_image002Tomei a posição de contestar a opção assumida pelo Gabinete projectista que, sem consultar a CMA, e praticamente sem visitar o local, delineou e traçou o que na altura ainda poderia ter outro destino, a ampliação da Escola Marques de Castilho.

Havia espaço para que não se fizesse o que considero um atentado; outras soluções seriam possíveis. Mas agora para que fique evidente o que eu lamentei e previ, ponho em oposição a Escola no ano passado e o seu actual estado (uma grande fachada de cimento). A Praça António Breda fica tapada e fechada para sempre e o ecossistema frondoso da Escola era naturalmente o prolongamento daquela Praça.

Olhem com atenção e vejam em que se transformou a Avenida Eugénio Ribeiro, uma rua tamponada, outrora projectada para rasgar a cidade até à EN1 … Lembram-se? Do lado poente a Praça do Município, aparecida estranhamente, cortou o acesso e agora, do lado nascente, o mais belo, aparece uma parede que a fechou . Que triste sina a desta Terra.

Sem dúvidas que a minha opinião não é única. Em conversas de ocasião,  chegam-me muitas apreciações, quer de membros da comunidade escolar, professores e alunos, quer de cidadãos que, como eu, se preocupam com a sua terra e gostariam  de a ver mais bela e funcional.. Se numa só palavra juntasse todas as apreciações apanhadas, essa era com certeza “mamarracho”.

Mas nada já pode ser alterado e há que desfrutar das boas condições tecno-didácticas, que agora vão ser oferecidas. No entanto, já sabemos que, sobre o que resta da Praça Dr. António Breda, esta será alvo de reformulação.

A CMA ainda não deu a conhecer o que pensa fazer, mas, como gato escaldado de água fria tem medo, venho por este meio alertar e solicitar a maior atenção e o máximo cuidado nas obras a executar.

Aos nossos ouvidos têm chegado algumas das ameaças que pairam sobre a maior parte das árvores, que têm sido há anos uma constante de beleza que encantam todos os que por lá passam ou que propositadamente lá vão para as recordar nas suas fotografias.

Espero que, numa época de revalorização ambiental, em detrimento do que nas outras vertentes sociais decorre, os responsáveis não  tomem opções irreversíveis e danosas.

O BOM E O MAU …

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O Bom e o Mau …

Bom é a minha apreciação, e o meu sentir em relação ao parque infantil que a Câmara Municipal oferece aos seus munícipes mais novos.

Fiquei agradavelmente surpreendido pelo bom gosto, pelo enquadramento no Largo do Botaréu, e que me deu a oportunidade de rever as palmeiras na sua nova morada. Apenas fiquei com pena que as outras exiladas para fora da cidade e outras freguesias, nomeadamente para um local ermo do Casarão, com certeza que seriam muito mais felizes e úteis, neste espaço lúdico , com a sua beleza e frescura. O equipamento foi uma surpresa, pois também os menos jovens têm oportunidade de praticar desportos radicais tal como slide.

Talvez fosse possível incrementar programas e equipamentos que trouxessem ao Rio os aguedenses, mas com o cuidado de propiciar alguma frescura e sombras, apenas possíveis com árvores frondosas.

Mau é o exemplo dado por responsáveis eleitos pelos aguedenses, que se esquecem que no seu pedestal, devem continuar a respeitar os seus eleitores, e por nenhuma razão devem ser rudes, mal educados e embora se achem detentores de toda a verdade e razão, devem ser sempre delicados. Não são os donos da Democracia. Aconteceu em Águeda.

Mau, é também o modo como a Câmara Municipal de Águeda, se relaciona com os seus munícipes. Recebemos uma carta oficial assinada por uma senhora administradora, que informava que o abastecimento de água passa ser feita por uma empresa privada,

Mas o curioso e que denota a falta de respeito e a atitude ameaçadora de quem tem o poder, é a ameaça de um débito imediato de 100 metros cúbicos a quem não faça chegar a leitura do consumo de água, à citada administradora.

Ameaça pura e simples, quem lhe deu essa autoridade para ameaçar? Os consumidores não deverão ser respeitados? Estamos em democracia?

Mas saberão os responsáveis o que são 100 metros cúbicos de água? Cem mil litros, sim 100.000 litros, cinco autotanques dos BV cheiinhos, que poucas casas consomem num ano. Estarão a brincar ou serão ignorantes? Nem todos têm poços ou piscinas.