domingo, 7 de março de 2010

Nem tudo que luz é oiro (2)

Nem tudo que luz é oiro (2)

clip_image002Na última opinião, referi o aspecto exterior da Escola Secundária Marques de Castilho, que, a meu ver, não é a melhor solução urbanística, embora deixe antever excelentes condições que trarão mais-valias na prática pedagógica; daí uma razão para o título da opinião.

Mas a realidade ainda é pior quando descemos ao entusiasmo com que os professores encaram a sua actividade e a sua integração nesta Escola com mais-valias. Ao contrário do previsível, muitos se arrastam esperando pela sua saída mais ou menos breve, que corresponde a um alívio.

A solução normalmente passa pelo pedido da reforma antecipada que acarreta penalizações mais ou menos acentuadas e, atendendo ao já baixo nível salarial, é no mínimo estranho que os professores, mesmo assim, queiram atingir o alívio nestas condições.

Gostaria de entender as razões que, nos últimos anos, levaram os verdadeiros professores a abandonar o sistema educativo pesadamente penalizados, porque tenho a certeza de que, se não forem remediadas essas razões, tudo o que é educação entra em colapso e quem perde é a sociedade em geral e os jovens cuja formação é essencial para um País desenvolvido.

Mas a verdade é que, desde a tomada de posse da triste e famigerada ex-ministra Lurdes Rodrigues, apoiada pelo Governo de Sócrates, numa visão unicamente economicista, se resolveu atacar a classe docente como inimigo público número um de todo o funcionalismo, com excesso de benesses e a quem se devia cortar a cabeça, com desumanas condições de trabalho e exigências que até mais tarde a dita ministra achou excessivas. O aviltante processo de avaliação, que a ministra Lurdes quis impor à classe e que motivou a maior manifestação de sempre duma classe contra o governo e a sua política, trouxe apenas a maior desfaçatez e arrogância quer de Sócrates, quer de Lurdes, e a troça e o escárnio sobre os professores que deveriam ser acarinhados e honrados.

É pois preciso mudar de política e o novo governo socrático, com Isabel Alçada, pretendeu dar uma nova imagem de abertura, mas afinal a visão economicista continua activa e a avaliação continua com os mesmos objectivos: decepar lentamente as expectativas dos professores. Afinal foram precisas apenas poucas semanas de governação socrática, para perceber que o facto de não terem tido maioria absoluta, não lhes daria mais humanidade e obrigação de diálogo. A perspectiva é ´”eu dialogo mas vocês fazem só o que eu quero”, e assim tudo ficou na mesma, apenas mudaram as moscas…. A exigência burocrática é mais acentuada e, claro, o ambiente criado nas escolas, com a nova modalidade de Srs. Directores, títeres duma política escondida, traz mau estar, desconfiança e medo e leva a que os verdadeiros professores, que não pactuam com este status quo, queiram abandonar a missão nobre que é ensinar e que cada vez é menos o objectivo do sistema, que só pretende sucesso estatístico fabricado e manipulado.

1 comentário:

joao de miranda m. disse...

Em poucas palavras, traçaste o quadro negro do ensino.