Série de artigos publicados por mim na “Região de Águeda”, este em 8 de Dezembro de 2011
Cidade agressiva
Testemunhamos quase diariamente uma nova maneira de assalto despudorado aos já parcos réditos dos munícipes. Verificámos nos últimos tempos o aumento da área dos parques pagos, restando agora muito pouco espaço para estacionamento livre. Apesar de ser na zona comercial, mais sobrecarregada e de maior intensidade de serviços, não houve contemplação por aqueles que são os utentes diários.
Mas o que atinge raias de perseguição é o modo como uns senhores, identificados como fiscais municipais, assumem prepotências que lhes foram seguramente conferidas e, tal como bando de abutres, caem sobre as suas presas desprevenidas e, com ar que lhes dá grande gozo, desferem o golpe de misericórdia.
Testemunhei com alguns amigos esta semana, e não pela primeira vez, o modo como estes bandos (andam aos pares) actuam. Este caso, na Avenida Eugénio Ribeiro, quase vazia de automóveis, é bem ilustrativo da maneira de actuar destes executantes do Sr. Presidente da CMA. Furtivamente esperaram que a vítima aparecesse e uma condutora parou junto a uma papelaria da zona. Saiu do carro e quase correndo entrou no estabelecimento. De imediato, como abutres sedentos, o bando caiu sobre a viatura e, dizem eles, através de um sistema irreversível de comunicação informática, a coima foi imediata. A condutora ficou pasmada e sem palavras. Num minuto… tem que pagar e não pode bufar…
Questionados pela indignação das testemunhas, afirmaram que se limitavam a cumprir ordens (de quem?) e que não pode haver contemplação. Afirmaram ainda que o tempo de estacionamento tem uma tolerância de meia hora, mas exige de imediato um bilhete. Que estranho!
Gostaria de saber qual o rendimento para a autarquia deste modo de caça. Não acredito que seja significativo e que tenha algum peso no Orçamento da CMA, anunciado de uma forma altissonante de um valor de 50 milhões de euros. Tantos milhões, tantas obras numa época em que se discute a sobrevivência, raiam mesmo a insensibilidade social de quem dirige os destinos da autarquia.
A expectativa, Sr. Presidente, do seu mandato, seria de solidariedade e humanização e, claro, desenvolvimento sustentado. O que se verificou foi um aumento de agressividade para com os munícipes que viram ser destruídos, por uma sanha terrível, vários locais aprazíveis, onde árvores e bancos confortáveis para famílias e mais idosos foram substituídos, pela aridez do betão, em bancos inestéticos e nada ergonómicos sem qualquer conforto e pela frieza de pilaretes que, de tão amachucados, só se concluirá que dubiamente posicionados. Acrescente-se ainda a inacreditável teimosia na construção de várias pistas ditas cicláveis (apenas remendos) que ninguém usa (e o senhor também não) que tornaram mais difícil a circulação. E, agora para terminar, esta inacreditável caça à multa, para aumentar a agressividade duma terra, que era amigável e doce.
Basta de agressividade! A terra que adoptei há quarenta anos era a Águeda-a-linda, onde a simpatia e a hospitalidade das gentes era enorme. Conheci e participei em alguns executivos, sei bem do que falo: a relação com os munícipes tinha como base o diálogo e a solidariedade e a preocupação no bem estar dos diferentes estratos sociais e etários do concelho.
Hoje tristemente verifico os semblantes carrancudos e críticos pelo que se vai fazendo e desfazendo em Águeda. Já pensou Sr. Presidente por que razão, pelos Censos de2011, se verificou aqui um decréscimo populacional?