terça-feira, 19 de janeiro de 2010



Oráculo de Delfos


A vida política portuguesa, nos últimos tempos, faz-nos lembrar a organização religiosa, política e cultural da antiga Grécia, em que os governantes ou decisores da coisa pública se regiam por profecias ou predições consideradas verdades absolutas.

Vêm-nos à memória os oráculos de Delfos, cidade da antiga Grécia, onde se situava o Templo dedicado ao deus Apolo.

Era neste Templo que os responsáveis atenienses iam beber da verdade absoluta, transmitida pelas sacerdotisas de Apolo – As Pitonisas (origem na serpente Piton, morta por Apolo), cujas profecias e visões seriam provocadas por gases emanados da terra, que as fariam entrar em transe.

Na figura vemos a única representação da sacerdotisa, ou pitonisa, de Delfos, da época em que o oráculo estava activo, mostra a câmara de tecto baixo e a pitonisa sentada num trípode. Esta cena mitológica mostra o rei Egeu de Atenas consultando a primeira pitonisa, Têmis. A peça foi feita por um oleiro ateniense em torno de 44 d.C.

Na era moderna, o Governo português antes de tomar qualquer decisão política parece consultar as profecias ou oráculos, no Templo Banco de Portugal, cuja pitonisa – Sibila Vitor Constâncio, anuncia sempre antecipadamente a desgraça, que numa primeira fase o Rei Egeu nega, mas que, depois, é justificação para o ataque seguinte aos depauperados atenienses (vulgo portugueses).

Desta vez, em transe, a Pitonisa Constâncio dirigiu-se aos atenienses culpando-os da crise em que estão mergulhados.

… Vós tendes que pagar a factura … acusa de dedo em riste e os assustados atenienses, esperando pelas duras medidas que ensombrarão mais o seu futuro, não entendem a acusação, pois sabem que na sede dos Templos (vulgo Bancos) a crise não existe, os milhões são aos rodos e, quando há uns desviozitos, o Governo do Rei Egeu tapa os buraquinhos….

Que autoridade moral ou ética tem esta sacerdotisa, que, de saco muito cheio, se prepara para fazer oráculos na Europa a preços muito mais elevados, e se refere à crise, como coisa alheia?!

A crise em que vós estais mergulhados, … E ele?! …. Não é também ateniense? Ou estará então em transe.. de loucura ou falta de vergonha?

Num Estado em que proliferam Templos (Bancos) com muitos sacerdotes, fazendo oráculos e ocultas faces, com muitos milhões desaparecidos, desviados, deslocados, os tristes atenienses interrogam-se … E a crise não é também para os sacerdotes? Por que razão os arguidos Srs Armandos e outros Varas não têm que enfrentar a crise como o comum dos mortais? Este sacerdote dum Templo rico, por dar uns pareceres e, apesar de arguido, aufere 35000 euros mensais, muito mais do que o Rei Egeu e o General juntos arrecadam.

Que sociedade esta, em que um simples sacerdote tem tantos poderes?..

De onde lhes vêm os imensos milhões de lucros? Do seu trabalho não de certeza, pois, até sem trabalhar, continuam a receber os chorudos quinhões. Vêm sim das taxas, dos juros altos cobrados aos atenienses e de outras alcavalas. Não será justo que os Templos sejam também chamados à resolução da crise?

A propósito de alcavalas e de chorudos lucros de empresas nacionais, quero deixar aqui algumas dúvidas que me assaltam, a propósito, do investimento da EDP numa central de energia eólica nos Estados Unidos

O valor a investir dá para construir o novo aeroporto e o TGV.

As perguntas e as dúvidas que ficam:

1. Por que razão a factura da energia eléctrica neste mês aumentou 3%?

2. Quem lucra com este investimento feito à conta de todos nós?

3. Que benefícios este investimento traz para a resolução da crise?

4. Há um aumento grande de postos de trabalhos para portugueses?

Afinal a Sibila tem razão … sem ter culpa nenhuma quem paga a crise é o ZÉ POVINHO. Corrijo: afinal temos mesmo culpa – elegemo-los!

2 comentários:

joao de miranda m. disse...

Deixa que te diga que este texto está bem construído. TEm uma estrutura argumentativa inabalável. Está, de facto, bem escrito. O simile é bem claro. (Talvez até um pouco claro demais, mas isso sou eu que escrevo só para mim próprio...)
Grande abraço.
PS. Um conselho de amigo: cancela a verificação de palavras nos comentários. É uma seca....

Tiz disse...

Como sempre o meu avô e a sua excelente crítica :) Gosto de te ler. Beijinho (passa no meu)