sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Alcavalas… (1) (2)

Alcavalas… (1) (2)

Em mais uma negociata de atribuição a particulares de deveres e prebendas correspondentes à coisa pública, fala-se hoje nos jornais (13-11-09), da atribuição do concurso da auto-estrada do Douro Interior à empresa do ex ministro socialista Jorge Coelho, linearmente chumbado pelo tribunal de Contas, por prever um esforço de 200 milhões de euros agora suportados por todos nós, por decisão das Estradas de Portugal.

O Ministro das Obras do Governo de Sócrates, António Mendonça, pura e simplesmente ignorou a sentença do Tribunal e afirmou que as obras continuariam mesmo assim.

O mesmo aconteceu, segundo notícias de hoje, também com a auto-estrada transmontana da empresa Soares da Costa, cujo “perdão” ainda foi maior, 230 milhões.

Sem pôr em causa a importância destas obras, apetece-me questionar a que preços se fazem. Como é possível um ministro ignorar e desrespeitar a sentença de um Tribunal ? !

A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita. Não basta sê-lo, terá que parecê-lo (séria) e, não tendo certeza nem afirmando numa altura, em que faces ocultas atormentam o sossego de alguns políticos, esta decisão governamental é muito estranha e não abona nada na transparência exigível. … Haverá alcavalas?

E nós, aguedenses, que temos sido esquecidos pelo governo socialista, apesar de termos uma Câmara rosa, lemos ultimamente numa entrevista de Gil Nadais que o concurso para a ligação a Aveiro, em auto-estrada portajada, vai ser de novo lançado. Lembramos que foi a empresa de Jorge Coelho que, depois de ter ganho o concurso, apenas acrescentou umas alcavalas de 500 milhões, coisa pouca que o Governo, dessa vez não deixou avançar …convenhamos que era demais e a vergonha seria de menos.

Sinceramente, perante estas pequenas alcavalas de milhões, ficamos estupefactos e somos levados a comparar esta grandiosidade com as alvíssaras de que o governo socialista dispõe para os mais desfavorecidos, os reformados e pensionistas, dum valor ínfimos de três euros mensais, leia-se 10 cêntimos por dia. Para que dá? Como é possível ainda afirmar-se que este governo tem prioridades sociais?

Sintomaticamente, a palavra seriedade parece ter sido banida do léxico dos nossos políticos. Do que deles temos ouvido, a mesma parece ter sido substituída por transparência. Está mais na moda, é mais fino, é mais diáfano?

Será! Mas se essa transparência fosse mais séria, estas pequenas alvíssaras teriam outra dignidade.

(1) No Dicionário de Língua Portuguesa

Alcavalas antigo imposto, quantias cobradas indevidamente, traficância, alvíssaras

(2) Dada a periodicidade semanal desta coluna, nada garante que, ao ir para a estampa, esta não tenha total actualidade, tão galante tem sido o ritmo com que, ultimamente, atropelos deste género, nos têm atingido. Se tal for o caso, desde já, as desculpas do colunista.

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